Osman Pereira Leite, o braço direito de Castor
Em março de 1990, na casa de sua amante, Osman Pereira Leite foi morto com quatro tiros. Morria o policial, bicheiro, ex-presidente da Mocidade e, até poucos anos antes, braço direito do mais poderoso dos contraventores.
A parceria da dupla Castor e Osman se extinguiu no início dos anos 1980. O motivo foi uma acusação de que Osman estava fraudando o sorteio dos números da Paratodos, espécie de loteria dos bicheiros. Após ser alertado, Castor expulsou Osman do jogo do bicho e da Mocidade.
Osman, então se aliou a Marquinho, filho de Raul Capitão, e iniciaram, resolutos, uma guerra particular contra os antigos aliados. Esse episódio provocou o aumento dos índices de violência no Rio, nos estertores do regime que terminava.
Mas a dupla de intemeratos também lançava olhares ambiciosos em direção a outros estados. Na cidade de São Paulo, aliaram-se a Walter Spinelli Oliveira, o Marechal. Imediatamente entraram em conflito com todos os outros bicheiros locais.
Os novos inimigos logo se anunciaram. O carro de Marquinho foi metralhado no bairro da Lapa, em São Paulo, no momento em que ele não estava, milagrosamente, dentro do veículo. Dos outros quatro ocupantes, um morreu e outro ficou gravemente ferido. Marquinho sabia que o alvo era ele e suspeitava fortemente de que o mandante estava no Rio. Em setembro, revelou-se o nome do mandante: Castor de Andrade. Mas o alvo era, na verdade, Osman.
Marquinho vinha expandindo seus negócios: tomou bancas em Monte Claro, Três Corações e Patos de Minas, em Minas Gerais. Foi também acusado do seqüestro e homicídio do bicheiro Oziel Silva e sua esposa, em 1986. Este não queria vender suas bancas àquele.
Osman chegou a ser preso em Minas, pela polícia local, após estourarem uma “fortaleza” do bicho e prenderam 10 contraventores lá reunidos. A operação ocorreu em 1987, até quando Osman conciliava seu trabalho na 37ª DP com a contravenção, à sombra de Marquinho.
Osman saiu da presidência da Mocidade em 1979, por não ser permitida a reeleição. Ele acabara de ser campeão. Após sua saída, Arlindo Rodrigues também deixou a escola e foi contratado por Luizinho Drumond, bicheiro patrono da Imperatriz Leopoldinense. Foi contratado Fernando Pinto para seu lugar. Iniciou seu período na escola com o enredo “Tropicália Maravilha”.
Logo após ocorreu o imbróglio entre Osman e Castor.
Osman foi levado para a Unidos de Padre Miguel, vizinha da Mocidade. Mas não conseguiu recursos para fazer um bom desfile, pois a cúpula do bicho o isolara.
Osman tramou com Marquinho. Este, assumiu-se como patrono da União da Ilha. Osman ficou com a presidência e a representação da Escola na Liesa. Cobiçando um campeonato nos desfiles, levou Arlindo Rodrigues para sua nova agremiação.
Seu melhor ano foi em 1986, em quinto – deixando a Mocidade em sétimo.
Em 1988, Marquinho foi assassinado com seis tiros, na frente do seu prédio, no Leblon.
Com isso, Osman recebeu de Raul Capitão as bancas do filho. Na época do seu assassinato, Osman geria bancas na Ilha, Petrópolis e Corrêas. Sua carreira na polícia estava suspensa, pois respondia a inquérito interno por atuar na contravenção. Apesar do desentendimento com Castor, o velório de Osman ocorreu na quadra da Mocidade.
Comments
Post a Comment